Outros melhor do que eu poderão aqui evocar a importância das formas geométricas e funções numéricas na obra de um Xenakis, por exemplo.
Mas mais que a importância, já sobejamente reconhecida, o que me interessa é o papel motor do recurso às formas matemáticas enquanto ponto de partida, ponto de apoio, ou objectivo (vejam-se os cânones em espelho de Bach ou Mozart).
Proponho-vos uma imagem que pode desempenhar o papel de ponto de apoio para uma experimentação: um solenoide que permite, se definirmos um ponto de partida arbitrário (há-os mais interessantes que outros...), traçar caminhos divergentes / quase paralelos / convergentes em que as distâncias são relativas (para mim uma noção topológica essencial).
Sugiro que traçando uma linha virtual horizontal definamos o tempo (duração).
Na vertical, temos uma variável que poderíamos chamar (talvez encontremos melhor) coerência estrutural do som. Os valores mínimos desta variável definem ruídos aleatórios, os máximos, "frases" musicais.
Como os caminhos têm a forma de "fechados", é possível fazer um percurso só em "ida" (até ao ponto mais afastado do ponto de partida) ou em "ida e volta" com regresso ao ponto de partida, ou ainda com várias iterações.
O que "acontece" para cada curva (um indivíduo), qual o material utilizado, qual a estrutura sonora (instrumentos, sons, ruídos, vozes, textos).... é tudo o que resta por fazer!
Trabalho para experimentação, cujo sucesso é nada menos que incerto.
Se valer a pena, é porque sendo o sucesso incerto, o insucesso não só não tem custos, como permite aprender...
JRdS
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